“E quando eu sair da Vila Sofia?”

Considerações sobre a infância

A passagem da primeira infância para a infância, que se inicia aos seis, e vai até os doze anos, é um momento de transição muito importante e, por isso mesmo, mudanças significativas acontecem.

Até sete anos as crianças têm uma relação com o mundo essencialmente pautada em suas percepções sensoriais. Através dos cinco sentidos captam todas as informações necessárias para realizar um processo intenso de interação consigo mesmo, com o outro e com seu entorno. Leis básicas de convivência e sobrevivência são assimiladas gradativamente.

Na primeira infância suas forças internas, ou seja, seu potencial interno é projetado para fora de maneira impetuosa e até desorganizada, porém agora, a partir dos sete anos, outras formas de entender o mundo vão surgindo, novas descobertas se descortinam e assim começa a ser capaz de fazer abstrações e novas relações com o entorno. É como que começar a adentrar no mundo dos adultos. É capaz de ter raciocínios mais claros e tirar conclusões.

Os contos de fadas começam a ter novo significado, porém não menos importante, pois passam do mundo da imaginação, da fantasia, do essencialmente lúdico para uma compreensão da realidade com significados mais lógicos.

É preciso compreender essas mudanças e assim ajudar a criança a lidar com isso dando-lhe apoio e segurança para que não se sinta só e sofra por isso.

A vida é feita de ciclos que se renovam de sete a sete anos, não são perdas e sim um processo de renovação. As crianças precisam ser compreendidas quando manifestam reações como ansiedade, raiva e atitudes de protesto contra as regras estabelecidas. Nesse momento precisam de muito apoio para enfrentar tal transição.

Sair do casulo protetor da família e de uma escola que traz aconchego e muito afeto, para entrar num âmbito maior e travar relações mais amplas, que é a escola, tudo isso causa muitas vezes medo e insegurança. É preciso descobrir que a vida é constante movimento e traz mudanças, e isso dói.

Cada novo contato de nosso filho consigo mesmo, com o outro e com a vida deve ser um delicioso aprender juntos. É sempre bom dizer: “sei que está difícil para você mas estou ao seu lado, pode contar comigo.”

A diferença entre o certo e o errado deve ser bem definida, as regras são indispensáveis nessa hora.  A educação familiar carece de planejamento, e avaliação periódica das ações do pai e da mãe e das respostas dos filhos.

O planejamento não pressupõe ignorar as oportunidades que o dia a dia oferece. Para sermos coerentes precisamos saber que tipo de educação desejamos oferecer, sabendo aonde queremos ir.  É mais fácil percorrer o caminho quando temos um GPS nas mãos.

É preciso ter cuidado para não confundir afeto com superproteção. O afeto tanto na educação dos filhos como em outras relações tem a função de ajudar a conhecer-se, trazer para fora o ser, e a superproteção anula essa possibilidade bem como a capacidade de se fazer escolhas.

Não podemos impedi-los de enfrentar obstáculos, nem tampouco deixar de lhes oferecer apoio, antes, durante e depois. Diante de uma dificuldade, eles precisam vivê-la, caso contrário demorarão para crescer e enfrentar novas situações de forma independente. Lembrem -se: não existe coragem sem medo!

Características da infância

Este período que corresponde aos anos da escola primária (entre seis e doze anos aproximadamente), se caracteriza mais pela consolidação do que pela inovação. A criança torna-se mais hábil nas coisas que já faz. Os pais, embora continuando a ocupar um lugar importante, passam para um plano posterior em relação a seus pares. Procura a companhia de seus amigos e torna-se mais sociável.  Enfrentará numerosas tensões, no meio familiar, social e escolar.

Certas crianças poderão manifestar problemas afetivos. Estas confrontações a obrigarão a ir buscar novas energias para construir para si mesma vida alegre e satisfatória, e adquirirá novas competências em todos os domínios do seu desenvolvimento.

Desenvolvimento físico:

A maior parte dos dentes permanentes aparecem, substituindo os dentes de leite (processo de endurecimento caracteriza esta fase).

O desenvolvimento da motricidade passa por uma forte necessidade de exercício físico, a fim de uma maior maturidade e uma melhor coordenação.

Desenvolvimento intelectual:  o despertar moral

Está na fase das operações concretas. Ponto essencial desta etapa é o desenvolvimento moral que acompanha o desenvolvimento cognitivo. Da maturação da criança depende sua capacidade de compreender o ponto de vista dos outros e seus intercâmbios com os adultos e outras crianças.

De seis a doze anos o desenvolvimento da criança sofre a influência da escola e as experiências que lá vive.

Desenvolvimento social:  a procura da autoestima

As crianças não se contentam mais em brincar, devem se tornar trabalhadoras. Tem necessidade de viver plenamente sua infância para se desenvolver harmoniosamente nos planos cognitivo e afetivo.

Através dos jogos desgasta o excesso de energia, também se iniciam nas tarefas da vida cotidiana, atingem objetivos mais difíceis e se aliviam das frustrações.

A amizade passará por vários estágios, desde aquele de camaradagem espontânea até a interdependência e autonomia.

Procura ser amada, portanto aceita por seu grupo. Ela já se avalia. Sua estima por si já é bastante precisa.

A criança confiante de suas capacidades, recebe críticas sem ser esmagada pela dúvida.

Quatro fatores formam a autoestima:

  • Ser reconhecido pelo outro
  • A competência
  • A moralidade
  • O poder que exerce sobre sua vida e a do outro

A criança que é educada com sistema de regras bem definidas toma conhecimento toma conhecimento das diferenças entre ela e os outros e tem em conta as exigências do mundo exterior. Percebe as exigências de seus pais como prova da confiança que lhe depositam.

 

Um forte abraço, e contem sempre conosco.

Maria de Lourdes Barduco
Orientadora Pedagógica
Vila Sofia Educação Infantil

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