“A pequena vendedora de fósforos”
O inverno, principalmente neste momento que vivemos, é um momento de recolhimento. É um período em que fomos chamados para ficar no aconchego de nossas casas, compartilhando o calor humano dos mais próximos, uma bebida quente e uma comida gostosa.
Mas não podemos esquecer daqueles que não estão tão próximos. No frio, as pessoas carentes e solitárias, sentem ainda mais forte a dor da indiferença. É, portanto, um momento de aquecermos nossos corações e sermos solidários e bondosos. Nossas crianças merecem esses exemplos!
Conto: A pequena vendedora de fósforos
(versão adaptada pela Vila Sofia, baseada no original de Hans Christian Andersen)
Estava muito frio, caia neve, e no meio da rua estava uma pobre menininha, de pés descalços pois não tinha sapatos. Ela tremia de frio, pois seu casaco era pequeno e efstava rasgado.
Ninguém a ajudava! Ela levava uma caixa de fósforos no avental para vender. “Com o dinheiro que ganhar, poderei comprar comida e uma roupa quentinha”, dizia. Mas ninguém olhava pra ela, ninguém comprava seus fósforos. E ela ficou sozinha.
Via as carruagens passando com as famílias felizes, crianças ganhando brinquedos, vestindo casacos e gorros…
Mas ninguém olhava para ela, ninguém comprava seus fósforos. E ela ficou sozinha.
Resolveu chamar as pessoas, subiu num poste, ofereceu seus fósforos, pediu ajuda.
“Estou com frio e fome! Por favor, compre-me um fósforo!” Mas ninguém olhava pra ela, ninguém comprava seus fósforos. E ela ficou sozinha.
Caminhando pela rua, sentia o cheiro de boa comida vindo das casas. E sua barriguinha vazia doía de fome. Mas ninguém olhava pra ela, ninguém comprava seus fósforos. E ela ficou sozinha.
Sentou-se num cantinho da calçada e resolveu acender um fósforo para se aquecer. Ah! Quando viu aquela luz quentinha, imaginou-se sentada diante de um grande fogão polido e lustroso, com panelas vermelhas sobre ele, cozinhando delícias.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando sua luz iluminou a parede à sua frente se tornou transparente como um véu, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia pratos brilhantes cheios de deliciosos quitutes…
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era a maior e mais enfeitada das árvores que jamais vira. Muitas velas ardiam nos seus verdes ramos e enfeites coloridos contornavam-na numa linda espiral em direção ao céu. A menininha estendeu a mão para os enfeites, mas nisso o fósforo apagou-se.
Ela olhou para as estrelas e se lembrou de sua avozinha querida que havia morrido “Ela deve estar lá agora entre as luzes do céu”.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
– Vovó! – exclamou a criança
– Oh! leva-me contigo! Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
– Vai se apagar como as chamas do fogão, a comida quentinha e gostosa e a grande e árvore de Natal!
E rapidamente acendeu todos os fósforos que tinha, pois queria que a sua avó querida ficasse com ela pra sempre. E os fósforos brilhavam tanto que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera tão grande e tão bela! Tomou a menininha nos braços, e ambas voaram juntas, banhadas de luz e alegria, subindo cada vez mais alto, para onde não havia nem frio, nem fome, nem solidão …